Entendendo a Mediunidade: O Papel do Sistema Nervoso

A essência da experiência humana está enraizada na capacidade de nosso sistema nervoso interpretar e reagir ao mundo. Seja através de imagens reais, narrativas imaginárias ou experiências extrafísicas. Essa interação entre circuitos sensoriais e emocionais revelam uma fascinante convergêngia entre os domínios da neurociência e da espiritualidade.

É importante ressaltar que o sistema nervoso molda nossas experiências de segurança e conexão (leia aqui), sempre trabalhando para garantir nossa segurança. Por isso, os sistemas de alerta (luta ou fuga) ou de “desligamento” do sistema, reagem a qualquer estímulo que possa significar uma ameaça.

Você já deve ter percebido que nosso corpo reage de forma muito semelhante tanto a estímulos reais como fantasiosos, certo? Quantas vezes você já não chorou em um filme romântico, ou sentiu raiva assistindo uma estória de injustiça? Ou quem nunca foi dormir morrendo de medo após ter assistido um filme de terror?

Ou seja, nosso sistema nervoso, mesmo que o cérebro entenda que tudo não passa de fantasia, ainda assim sente os efeitos das emoções provocadas artificialmente. E certamente irá sentir e reverberar pelo corpo os efeitos dessas emoções, aumentando os batimentos cardíacos, acelerando a respiração, causando calafrios.

Essa ativação dos circuitos neurais explica porque, mesmo sabendo que uma cena é fictícia, você sente medo, raiva, amor ou empatia. E porque um sonho, por exemplo, pode ser tão impactante a ponto de alterar seu estado emocional após o despertar.

O mesmo se aplica às sensações e informações captadas pela mediunidade, que nada mais é do que nosso sistema sensorial captando de forma inconsciente informações do ambiente físico ou dos níveis astrais (mais sutis).

O Sistema Límbico é responsável por atribuir um significado emocional àquilo que vemos. Seja com os olhos da realidade física, assim como as visões que temos em sonhos ou através da mediunidade. Isso significa que, mesmo sabendo que aquela visão pode se tratar de uma fantasia, as mesmas regiões que responderiam a um perigo ou a uma alegria real são ativadas, liberando neurotransmissores como a dopamina e em alguns casos, regulando os níveis de cortisol. Ou seja, podendo também causar medo, culpa, raiva, etc. a partir de uma sensação ou percepção entendida como mediúnica.

Podemos considerar intuições, projeções astrais ou sonhos lúcidos, como imagens do reino sutil. Essas imagens oníricas têm a capacidade de evocar emoções intensas e influenciar nosso humor e resposta ao estresse, modificando, inclusive, a atividade do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal).

Quanto à intuição – aquela sensação súbita ou pressentimento que parece surgir do nada – ela pode ser entendida como o resultado de uma integração inconsciente de diversas informações captadas pelo cérebro ao longo do tempo. Existem regiões cerebrais que trabalham para reunir experiências, lembranças e pistas sensoriais que não chegam à consciência de forma imediata, mas que podem, de maneira surpreendente, influenciar nossas decisões e emoções.

Assim, mesmo sem um estímulo direto do ambiente fisico, nosso cérebro cria imagens e sensações internas que, ao serem interpretadas, podem desencadear respostas fisiológicas, inclusive alterando o equilíbrio do eixo HPA e a resposta ao estresse. Por exemplo: um indivíduo que se diz médium, toda vez que entra em um local lotado de pessoas, pode atribuir à mediunidade uma sensação de perigo, podendo até ter reações físicas como falta de ar. Seu sistema nervoso reagiu aos estímulos externos e seu cérebro interpretou, baseado em condicionamento, que é perigoso absorver as “energias” de outras pessoas. Provavelmente, toda vez que ele tiver que participar de algum evento com muitas pessoas, irá sentir uma premonição ou sensação de perigo ou mal estar.

Ao longo do tempo, cada indivíduo irá criar mecanismos de defesa aos estímulos captados via mediunidade. Quando alguém é criado e condicionado para ter medo da mediunidade, como se fosse alguma aberração ou obra do “coisa ruim”, obviamente seu sistema nervoso irá criar bloqueios físicos a qualquer estímulo que venha do campo sutil. O que pode ao longo do tempo criar alterações na fisiologia do indivíduo, até mesmo alterações cerebrais e hormonais. Pois seu sistema entende que qualquer informação ou estímulo que não venha de uma fonte física “real” deverá ser tratado como ameaça.

Alterações semelhantes podem ser criadas também em indivíduos que foram formatados para acreditar que a mediunidade é algo ultra especial, que apenas seres altamente evoluídos, escolhidos, possuem essa capacidade. Influenciando a mente dessa pessoa a criar fantasias ao redor dos estímulos sutis, fazendo com que ela alimente visões, ilusões, se tornando dependente dessa relação fantasiosa, como fonte de dopamina. O que pode, ao longo do tempo, também criar psicopatias e desvios de caráter.

Idealmente, deveríamos compreender que a mediunidade é parte da natureza humana. É uma maneira do sistema nervoso se conectar não apenas ao mundo físico, mas a campos de informação existentes ao nosso redor, à natureza, os animais, outros seres humanos e níveis mais sutis de consciência. Ao tratarmos a mediunidade com naturalidade, buscando conhecimento sem dogmas ou misticismos, podemos nos conectar com quem realmente somos.

Para que possamos desenvolver uma mediunidade saudável, é imperativo que tenhamos a capacidade de nos regular emocionalmente. Regular o sistema nervoso, para que possamos captar e interpretar de forma equilibrada e consciente os estímulos e informações de nosso ambiente interior e exterior.

Pessoas com o sistema nervoso desregulado não terão condições de interpretar corretamente as informações obtidas através da intuição, pois seu sistema poderá criar bloqueios ou caminhos neurais baseados nos condicionamentos religiosos e dogmáticos. Ou através dos condicionamentos criados pelo sofrimento e trauma, pelo abandono, pelo preconceito e incompreensão.

Felizmente, podemos contar com a plasticidade neural, ou seja, a capacidade de nosso cérebro de se moldar para novas experiências. Quando nos dedicamos a práticas como meditação e exercícios de regulação emocional, o sistema nervoso passa por uma mudança notável: há uma tendência à ativação do sistema parassimpático (aquele responsável pelo repouso e digestão) e uma redução da atividade do sistema simpático, que está ligado à resposta de “luta ou fuga”. Essa mudança promove uma diminuição na liberação de cortisol – o principal hormônio do estresse –, reduzindo a ativação crônica do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal) e, assim, mitigando os efeitos negativos do estresse sobre o organismo .

As práticas meditativas e exercícios de regulação emocional também promovem uma integração mais profunda entre os processos conscientes e inconscientes do cérebro. Durante estados meditativos, há uma intensificação na conexão entre áreas do cérebro responsáveis pela atenção plena e pela regulação emocional, como o córtex pré-frontal, a amígdala e o córtex cingulado. Essa integração pode ajudar o indivíduo a processar de forma mais adaptativa demandas emocionais, sejam elas desencadeadas por estímulos externos (como cenas de filmes ou jogos) ou internos (como intuições e imagens oníricas). Assim, mesmo experiências que emergem do “reino sutil” são avaliadas e moduladas por estas redes neurais, contribuindo para respostas emocionais mais equilibradas e, consequentemente, a uma atividade do eixo HPA menos reativa .

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