Frequentemente recebemos clientes em terapia buscando compreender a origem de doenças recorrentes na família. Muitos ainda acreditam que a origem de certas doenças é apenas genética, sem considerar aspectos fundamentais na somatização através da transferência de padrões psíquicos, dogmáticos e espirituais entre gerações, determinante para a criação de uma rede familiar de doenças de toda sorte.
Hoje trago algumas reflexões importantes, baseadas no artigo “Transmissão psíquica geracional familiar no adoecimento somático” (link)
O objetivo não é buscar culpados na ancestralidade ou justificar o vitimismo, mas propiciar ao leitor uma reflexão sobre sua responsabilidade na mudança de padrões de sofrimento, muitas vezes inconscientes, transferidos por gerações. Ao tornar-se consciente de padrões emocionais e psíquicos de dor, abandono, trauma, você pode ressignificá-los, compreendendo seu papel e responsabilidade durante sua experiência encarnacional.
TRANSMISSÃO PSÍQUICA FAMILIAR X GENÉTICA
O estudo explora a transmissão psíquica familiar e sua influência no adoecimento somático. Ele busca entender como a somatização ocorre através de legados entre gerações. O adoecimento é visto como sofrimento psíquico familiar, causado por conteúdos não elaborados que criam impasses nas relações. A doença é resultante de abandono e fragilidade, perpetuados por histórias familiares contadas por gerações. No entanto, a experiência de adoecer pode levar os membros a reavaliar conflitos e recontar suas histórias.
Alguns pontos importantes que necessitam ser observados ao longo do tempo, pois muitas vezes aceitamos certos legados familiares como se fossem sentenças finais, sem possibilidade de mudança.
Primeiro, é importante entendermos que adoecer faz parte da vida e nosso corpo irá sempre nos mostrar padrões psíquicos, emocionais, espirituais e físicos que necessitam de mudança. No entanto, historicamente, o adoecimento sempre esteve associado ao sentimento de punição divina e a maus presságios. Antes do século XX, doenças como tuberculose e câncer, por exemplo, eram consideradas maldições, até que a ciência passou a conhecer suas causas e a desenvolver tratamentos mais eficazes.
Muitas doenças eram consideradas tabus, devido à total falta de conhecimento sobre suas causas. Muito pior que a doença em si, era o efeito que as fantasias e os mitos criados provocavam nos doentes, nas famílias e na comunidade.
No entanto, quanto mais a medicina avança, aspectos psicológicos envolvendo a origem das doenças parecem ser levados a um segundo plano. Raramente vemos profissionais de saúde interessados em conhecer os aspectos ambientais, físicos, culturais, psicológicos e espirituais de seus pacientes.
Neste estudo, alguns autores “alertam para uma combinação de fatores psíquicos de predisposição regidos por um funcionamento intrapsíquico entrelaçado por uma história familiar e cultural, revelando evidências de uma ligação entre fatores psicológicos do sujeito com a psicodinâmica familiar, refletindo a produção intersubjetiva do grupo.”
Preste atenção como frequentemente repetimos padrões de pensamento de forma inconsciente, influenciados pelo meio onde vivemos. Você já teve a oportunidade de observar certos padrões repetidos em alguns grupos familiares? Por exemplo: algumas tias de um lado familiar já tiveram câncer de mama ou ginecológico e todas elas, não por coincidência, foram traídas ou tiveram casamentos conturbados. Ou diversos homens da família, como tios e primos repetiram padrões de alcoolismo e dependência química, lutando sempre com problemas profissionais. E ainda, uma mesma família consanguínea lutando contra quadros psíquicos graves, onde frequentemente são citados parentes falecidos que necessitaram de internação, pois não podiam mais viver em sociedade.
Ou ainda, quando éramos pequenos, ouvíamos frases semelhantes a essa: “você é igualzinha à sua avó e certamente vai ficar como ela quando envelhecer.” Ou ainda: “você certamente será diabético, porque todos na família são”. Frases repetidas com frequência, moldando e programando as crianças, que sem consciência, apenas aceitam essas formatações.
O estudo ainda menciona: “Com base em estudos de famílias de mulheres com câncer de mama, o adoecimento, do ponto de vista psíquico, possui uma dimensão psíquica hereditária, mesmo que não haja predisposição genética no grupo.” Ou seja, mesmo sem uma predisposição genética, existe uma predisposição psíquica para o desenvolvimento da doença.
Somos convidados a avaliar não apenas a herança genética, mas a herança psíquica de nossos antepassados, que pode comprometer a condição de saúde dos membros da família. Ou seja, padrões psíquicos familiares se tornam fatores de risco para o desenvolvimento de doenças.
MUDANDO PADRÕES PSÍQUICOS FAMILIARES
Quando conseguimos observar esses padrões psíquicos negativos de forma neutra, sem envolvimento emocional, é possível identificar uma rede familiar que propicia a somatização. Obviamente, não é possível se curar no mesmo local onde você adoeceu, portanto, para se tornar um observador neutro é necessário se distanciar. Muitos não aceitam essa recomendação e infelizmente dificilmente terão a chance de se curar, pois o meio é determinante na influência de padrões psíquicos de somatização. Isso não significa abandonar seus familiares, mas se resguardar e preservar seu espaço, para que a cura, especialmente emocional e psíquica, possa acontecer.
Infelizmente podemos observar uma certa glamurização da doença ao longo das gerações e com frequência, especialmente nas reuniões familiares, alguns podem passar horas apenas falando de doenças. Como o avô morreu de tuberculose sozinho em um asilo, depois de ter trabalhado por anos a fio para criar a família; como a tia morreu de causas desconhecidas depois de ter sido abandonada pelo marido; como um bisavô morreu após ter sido envenenado por substâncias tóxicas trabalhando em uma fábrica de produtos químicos, sem nunca ter recebido qualquer indenização.
O enfraquecimento do espaço intersubjetivo familiar permite que o pensar se neutralize e que o sujeito passe a responder mais com ações automáticas.
Se não tivermos uma consciência atenta a essas armadilhas, acabamos aceitando como naturais fantasias e fantasmas familiares, vivenciando essas histórias e conflitos de forma inconsciente, aceitando uma realidade nociva, como se estivéssemos irremediavelmente conectados a essa rede de infortúnios.
Muitos conflitos familiares são transmitidos psiquicamente entre gerações, circulando entre os membros da família, causando desorganização através de um sentimento de ameaça e insegurança, como se certas “desgraças” estivessem sempre rondando a família de alguma maneira.
Em casos de famílias que apresentam uma pluralidade de somatizações, sejam de crise graves ou crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer de mama, por exemplo, o início e a evolução desses adoecimentos devem ser observados a partir de acontecimentos marcantes da história familiar recente. (…) Mais ainda, essa transformação familiar fica comprometida quando há repetição de acontecimentos perturbadores, impedindo o grupo de pensar e reagir sobre as demandas.
Quando os traumas e perdas familiares se tornam tabus, sem que a família converse a respeito, absorvendo o devido aprendizado e ressignificando a dor, esses “fantasmas” tendem a perdurar. Como nas perdas de pessoas queridas de forma repentina ou violenta, onde a família se recusa a falar a respeito, preferindo não enfrentar a realidade. Ou em situações de conflito entre membros da família, que se recusam a resolver suas pendências, levando para o túmulo toda a mágoa e raiva, espalhando entre os membros da família uma imensa carga nociva.
A família nos aponta uma maneira de pensar a relação existente entre transmissão psíquica e adoecimento somático, a partir de dois ângulos: ou por uma repetição de acontecimentos, gerando um retorno a fantasias e mitos de histórias anteriores em torno dos adoecimentos dos membros; ou sinalizando a reatualização de sofrimentos não simbolizados e perdidos na história a partir dos adoecimentos.
O acúmulo de questões não elaboradas ao longo da vida, como perdas e mudanças no ciclo familiar podem contribuir para o desenvolvimento de doenças, de modo que se transformem em tensões contínuas e sem sentido na relação familiar.
Obviamente, nem tudo pode ser ressignificado ou limpo na linha familiar, até porque essas memórias se perdem no tempo. Abordando o aspecto espiritual-energético, as famílias representam egrégoras ou campos morfogenéticos que armazenam toda a história de seus membros. Esses campos reverberam não apenas na dimensão física material, mas igualmente nos níveis astrais.
Quando reforçamos padrões psíquicos herdados de somatização, vitimização, conflito, medo, culpa, estamos automaticamente conectados à rede de almas dos antepassados e obsessores que se alimentam dessa energia ou estão presos a esta realidade sem a possibilidade de ascensão. Outro aspecto que necessita de observação, são os padrões de crenças religiosas herdadas da família. Padrões de culpa, medo, punição, crenças que envolvem a manipulação psicológica de dívida cármica, pagamento de promessas feitas por ancestrais, contratos espirituais, são padrões muitas vezes aceitos de forma inconsciente, simplesmente pelo nosso desejo de pertencimento, por lealdade às promessas feitas por nossos antepassados.
LEALDADE OU PROGRAMAÇÃO DE SOFRIMENTO?
Essa lealdade faz parte da programação de apego e sofrimento familiar. Compreender essa programação não significa deixar de reconhecer o valor de cada antepassado que permitiu a você estar aqui hoje. Essa programação de “lealdade” é o que fortalece a nossa identidade ilusória, o falso EU, que necessita de um nome e sobrenome, de uma bandeira, de uma religião, de um Deus para chamar de seu, de um time de futebol. É essa lealdade que cria conflitos entre vizinhos, entre familiares, entre cidades e países, entre aqueles que pensam diferente.
Existem correntes que nos aprisionam a essa programação nefasta, que faz parte desse grande teatro, desse videogame onde estamos inseridos. As programações familiares fazem parte do enredo do jogo, inseridas em looping para que os membros repitam sempre as mesmas histórias. Da mesma maneira que um videogame apresenta sempre os mesmos personagens, enredo, cenário. Não importa quem esteja jogando.
A família é apenas o canal que propiciou entrarmos nesta realidade encarnacional para que pudéssemos vivenciar o jogo. Cabe a cada um se tornar consciente dele, aprender as regras e se assim desejar, deixar definitivamente essa programação.
Quando nos tornamos conscientes desse programa, sem os aspectos religiosos envolvidos, sem dívidas ou contratos, podemos cortar grande parte dessa relação nefasta que transfere uma programação psíquica de doenças e outros quadros nocivos de sofrimento entre gerações.
Essa programação é tão forte, tão bem elaborada, que obviamente não “desaparece” apenas porque nos tornamos conscientes dela. Estamos conectados pelo DNA a esta rede e muitos se manterão conectados provavelmente também após o desencarne. Por isso o papel da consciência é fundamental, para que possamos limpar padrões inconscientes de dependência emocional e psíquica familiares.
Não delegando essa limpeza apenas a terapeutas, sacerdotes e pais-de-santo, mas trabalhando de forma consciente para quebrar padrões emocionais e psíquicos de somatização. Os trabalhos espirituais e vibracionais ajudam muito, mas sem comprometimento, determinação e disciplina, seremos engolidos pelo quadro obsessor e pela programação planetária que alimenta a matriz de controle encarnacional.
Obviamente, existem componentes espirituais envolvidos nos quadros de sofrimento familiar ao longo de gerações e não apenas a transferência psíquica, pois não há como separar os dois aspectos. O campo morfogenético é um campo vibracional que armazena informação, atuando não apenas no plano físico, mas nos níveis astrais que envolvem as almas de uma mesma família. Especialmente aquelas que morrem envolvidas em sofrimento.
O que deve ser limpo não é a história de dor vivida pelos antepassados, pois ela não se apaga. Ela fica na memória do jogo, alimentando a inteligência artificial que rege seu funcionamento. O que precisa ser modificado é o nível de ressonância de cada um com o suposto passado de sofrimento. Quando você renuncia a crenças que geram apego, dívida cármica, contratos de lealdade, entendendo que essas crenças foram criadas para gerar mais sofrimento e aprisionamento, sua perspectiva muda. Você deixa de ser parte do imbróglio familiar para se tornar observador do jogo.
Ao se tornar um observador consciente e neutro, automaticamente você interrompe uma grande parte dessa corrente de sofrimento. Você assume a responsabilidade por sua realidade, sem culpados e sem vítimas, vivendo cada dia buscando fazer o seu melhor. E isso é o que lhe cabe.
Ao viver de forma consciente e se tornando um observador neutro, você estará interrompendo uma parte dessa programação, impedindo que essa rede de sofrimento se alastre ainda mais pelas gerações seguintes. Isso é o verdadeiro amor.
Amar sem olhar para o que passou, sem buscar culpados, sem se vitimizar. Viva de maneira que nenhum descendente precise limpar qualquer coisa sua e quebre a corrente holográfica de sofrimento.
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